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(EDC) Fatos e estatísticas sobre homeschooling nos EUA e no mundo

Fatos e estatísticas sobre homeschooling nos EUA e no mundo

Brian D. Ray, Ph.D., pesquisador
National Home Education Research Institute

Ao longo de 2021, tivemos em torno de 3,1 milhões de alunos, do ensino primário e secundário, estudando como homeschoolers nos Estados Unidos (aproximadamente 6% das crianças em idade escolar). Na primavera de 2019, havia cerca de 2,5 milhões de alunos em homeschooling (ou 3% a 4% das crianças em idade escolar). [1]

A população de homeschooling já vinha crescendo a uma estimativa de 2% a 8% ao ano nos últimos anos, mas aumentou mais fortemente entre 2019-2021.

Gráfico de Crescimento do Ensino de Homescholl nos EUA
Gráfico de Crescimento do Ensino de Homescholl nos EUA.
Fonte: Research facts on homeschooling.

O homeschooling, ou educação domiciliar, algumas décadas atrás era considerado inovador ou ‘alternativo’, mas recentemente tem se tornado convencional nos Estados Unidos. Possivelmente é a forma de educação que cresceu mais rápido no país nessa última década.

O ensino domiciliar cresce também à olhos vistos por todo o mundo, em países como Austrália, Canadá, França, Hungria, Japão, Kenia, Rússia, México, Coreia do Sul, Tailândia e no Reino Unido.

Demograficamente, uma grande diversidade de pessoas tem adotado esta prática – ateus, cristãos, mórmons; conservadores, libertários e liberais, e também pobres, de classe média e famílias ricas. Um estudo de abrangência nacional mostrou que 41% dos estudantes em homeschooling são negros, asiáticos, hispânicos ou de outras minorias étnicas (U.S. Department of Education, 2019).

A escolaridade geral dos pais que adotam essa prática inclui aqueles que tem Ph.D, ensino superior ou apenas o ensino médio.

Os contribuintes gastam uma média de US$ 15,240 mil por aluno anualmente com as escolas públicas, fora as despesas de capital (National Education Association, 2021). Os cerca de 3,7 milhões de alunos de homeschooling de 2020-21 representaram uma economia de mais de US$ 56 bilhões para os contribuintes. São US$ 56 bilhões que os contribuintes americanos não tiveram que gastar.

Para as crianças que são educadas em casa, geralmente, o custo para o contribuinte é zero. Enquanto isso, para as famílias que adotam a educação domiciliar, o gasto médio é de 600 dólares por ano na educação de cada filho.

Estima-se que mais de 9 milhões de americanos tenham sido educados em casa até fevereiro de 2020.

Razões e motivações para o homeschooling

A maioria dos pais decidem pelo homeschooling por mais de uma razão. Dentre as razões mais comum destacam-se:

  • Possibilitar um ensino mais acadêmico que o das escolas;
  • Customizar ou individualizar o currículo e o ambiente de aprendizado para cada criança;
  • Usar métodos pedagógicos diferentes daqueles que são típicos das escolas;
  • Promover uma interação social guiada e saudável com jovens e adultos;
  • Fortalecer e melhorar relação familiar das crianças com os pais e entre os irmãos;
  • Proporcionar um ambiente mais seguro para as crianças, prevenindo riscos como violência, drogas e álcool, bullying, racismo, abuso psicológico, sexualização inadequada ou não-saudável, cada vez mais comum nas escolas;
  • Prover uma abordagem educacional alternativa quando as escolas institucionais públicas ou privadas são fechadas devido a situações de saúde graves, como relacionadas a doenças (por exemplo, Covid-19);
  • Proteger crianças do racismo em escolas públicas ou de expectativas inferiores de aprendizado adotadas para crianças de cor (por ex., Fields-Smith, 2020; Mazama & Lundy, 2012)
  • Ensinar valores, questões de fé e uma adequada visão de mundo às crianças.

Desempenho acadêmico

  • Jovens educados em casa têm pontuado de 15 a 30% acima dos jovens que estudaram na rede pública de ensino dos Estados Unidos, conforme verificado em achievement tests. Um estudo publicado em 2015 verificou que crianças negras que receberam ensino domiciliar tiveram pontuação nas provas 23 a 42% maior do que crianças negras que estudaram em escolas públicas (Ray, 2015);
  • 78% dos estudos revisados ​​​​por pares sobre desempenho acadêmico mostram que os alunos do homeschooling apresentam um desempenho estatisticamente significativamente melhor do que aqueles em escolas regulares (Ray, 2017);
  • O estudo mostra também que os estudantes tem demonstrado pontuação acima da média independente do grau de escolaridade ou faixa de renda dos pais, que são seus professores/tutores na educação domiciliar;
  • Não foi verificada diferença de desempenho dos alunos em relação aos pais serem ou não professores certificados;
  • Diferentes graus de controle estatal sobre o homeschooling também não apareceu como um fator influente no desempenho escolar e acadêmico dos estudantes;
  • Jovens educados em casa têm demonstrado uma pontuação acima da média em testes admissionais para universidades.
  • Estudantes do homeschooling têm sido cada vez mais ativamente convidados para ocupar vagas em universidades.
Gráfico de Desempenho Acadêmico de Alunos de Ensino Doméstico e de Escolas Estaduais Públicas dos EUA.
Gráfico de Desempenho Acadêmico de Alunos de Ensino Doméstico e de Escolas Estaduais Públicas dos EUA.

Socialização: desenvolvimento social, emocional e psicológico

  • Jovens educados por homeschooling tem demonstrado graus de sociabilidade normais e acima da média. Pesquisas verificaram traços e habilidades de liderança, autoconhecimento, autoestima, participação em serviços comunitários, entre outros.
  • 87% dos estudos revisados ​​por pares sobre desenvolvimento social, emocional e psicológico mostram que os alunos do homeschooling apresentam um desempenho significativamente melhor estatisticamente do que os das escolas convencionais (Ray, 2017).
  • Jovens educados em casa são regularmente mais envolvidos em atividades sociais e educacionais junto a comunidade. Comumente envolvem-se em atividades e grupos tais como escoteiros, igrejas, atividades esportivas da comunidade, voluntariado etc.
  • Adultos que foram educados por homeschooling têm se mostrado politicamente mais tolerantes em relação aos que foram educados em escolas regulares.

Respeito às diferenças entre as crianças

  • Uma pesquisa verificou que o homeschooling dá a crianças e adolescentes a chance de se perguntar “quem eu sou? ” e “o que eu realmente quero”, facultando um processo de autoconhecimento gradual pelo qual eles vão encontrando, com mais facilidade, respostas para seus questionamentos;
  • Verificou-se que este método é propício para que meninas desenvolvam suas forças e habilidades de resistência que contribuem com um senso mais forte de si;
  • Acredita-se que a natureza energética dos meninos e a tendência à expressão física podem ser mais facilmente acomodadas na educação domiciliar. Muitos estão preocupados que um número altamente desproporcional de alunos de educação especial de escolas públicas sejam meninos e que os meninos tenham 2,5 vezes mais chances do que as meninas de escolas públicas de serem diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Sucesso do homeschooling no mundo real da vida adulta

Para medir o sucesso efetivo do homeschooling, uma pesquisa foi realizada com adultos que foram educados por homeschooling por mais de 7 anos. A pesquisa demonstrou, por exemplo, que:

  • 69% dos estudos revisados ​​por pares sobre o sucesso na idade adulta (incluindo na faculdade) mostram que os adultos educados em casa são mais bem-sucedidos e apresentam um desempenho significativamente melhor estatisticamente do que aqueles que frequentaram escolas institucionais (Ray, 2017).
  • esses adultos se revelaram mais participantes em serviços comunitários do que a média geral da população (por exemplo, Seiver & Pope, 2022);
  • esse adultos demonstram maior engajamento em eleições, reuniões públicas e exercendo o direito de voto, em comparação com a média da população;
  • ingressam e concluem a universidade em um grau igual ou superior à média geral da população;
  • na vida adulta, eles apresentam um alto grau de adesão aos valores e crenças transmitidos por seus pais.

Interpretação geral dos dados sobre o sucesso ou fracasso do homeschooling

É bem possível que o homeschooling seja a causa dos benefícios apresentados acima. Contudo, a pesquisa não pode conclusivamente ‘provar’ que o homeschooling gere por si estes resultados. Ao mesmo tempo, não há nenhuma evidência empírica de que a educação domiciliar cause resultados negativos em comparação com a educação por meio de escolas públicas ou privadas. Pesquisas futuras poderão responder melhor às questões sobre as causas.

Notas:

[1] Para mais detalhes, leia How Many Homeschool Students Are There in the United States? A estimativa de março de 2021 é baseada em dados de governos estaduais (por exemplo, Delaware, Flórida, Minnesota, Nebraska, Carolina do Norte e Virgínia), U.S. Census Bureau (2021) e U.S. Department of Education (2019). Vide McDonald (2020). A estimativa da primavera de 2019 foi baseada em uma estimativa de crescimento de cerca de 2,5% ao ano a partir de estimativas de 2 milhões de crianças educadas em casa durante a primavera de 2010 e 2,3 milhões na primavera de 2016 nos Estados Unidos (Ray, 2011). A estimativa de 2,3 milhões em 2016 foi calculada por Brian D. Ray, autor desta ficha técnica, em 7 de abril de 2016. Ele a baseou em resultados de pesquisas disponíveis publicamente.

Fontes:

As descobertas acima estão amplamente documentadas em uma ou mais das seguintes fontes, e a maioria está disponível em www.nheri.org .

  • Cheng, Albert. (2014). Does homeschooling or private schooling promote political intolerance? Evidence from a Christian university. Journal of School Choice: International Research and Reform, 8(1), 49-68 [a peer-reviewed journal].
  • Fields-Smith, Cheryl. (2020). Exploring single black mothers’ resistance through homeschooling. Switzerland: Palgrave Macmillan Cham.
  • Mazama, Ama; & Lundy, Garvey. (2012, August 26). African American homeschooling as racial protectionism. Journal of Black Studies, 43(7) 723–748.
  • McDonald, Kerry. (2020). Homeschooling more than doubles during the pandemic: State-level data show just how dramatic the surge in homeschooling has been. Retrieved December 29, 2020 from https://fee.org/articles/homeschooling-more-than-doubles-during-the-pandemic/
  • Mead, Sara. (2006). The truth about boys and girls.
  • Medlin, Richard G. (2013). Homeschooling and the question of socialization revisited. Peabody Journal of Education, 88(3), 284-297 [a peer-reviewed journal].
  • National Education Association. (2021). Rankings of the States 2020 and Estimates of School Statistics 2021. Retrieved July 1, 2021 from http://www.nea.org/home/44479.htm
  • Ray, Brian D. (2004). Home educated and now adults: Their community and civic involvement, views about homeschooling, and other traits. Salem, Oregon: NHERI.
  • Ray, Brian D. (2004). Homeschoolers on to college: What research shows us. Ray, Journal of College Admission, No. 185, 5-11 [a peer-reviewed journal].
  • Ray, Brian D. (2010). Academic achievement and demographic traits of homeschool students: A nationwide study. Academic Leadership Journal, 8, www.academicleadership.org [a peer-reviewed journal]. For a free copy, contact us.
  • Ray, Brian D. (2013). Homeschooling associated with beneficial learner and societal outcomes but educators do not promote it. Peabody Journal of Education, 88(3), 324-341 [a peer-reviewed journal].
  • Ray, Brian D. (2015). African American homeschool parents’ motivations for homeschooling and their Black children’s academic achievement. Journal of School Choice, 9:71–96 [a peer-reviewed journal]. For a free copy, contact us.
  • Ray, Brian D. (2017). A systematic review of the empirical research on selected aspects of homeschooling as a school choice. Journal of School Choice, 11(4), 604-621 [a peer-reviewed journal]
  • Seiver, Jillene Grove; & Pope, Elisa A. (2022). The kids are alright II: social engagement in young adulthood as a function of k-12 schooling type, personality traits, and parental education level. Home School Researcher, 37(2), 1-9.
  • Sheffer, Susannah. (1995). A sense of self: Listening to homeschooled adolescent girls.
  • United States Department of Education. (2019) Homeschooling in the United States: Results from the 2012 and 2016 Parent and Family Involvement Survey (PFINHES: 2012 and 2016). Retrieved November 3, 2020 from https://nces.ed.gov/pubs2020/2020001.pdf

Dados da pesquisa:

Pesquisador:  Brian D. Ray, Ph.D.
Publicado pelo Instituto Nacional de Pesquisa sobre Educação Domiciliar (EUA)
Todos os direitos reservados a Brian D. Ray, Ph.D., pelo National Home Education Research Institute
Tradução por Marlon Derosa,  Estudos Nacionais (com adaptações e atualizações nossas). Permissão da tradução concedida em: Abril de 2017.
Artigo original em inglês: https://www.nheri.org/research/research-facts-on-homeschooling.html

Sobre a autoria da pesquisa

Dr. Brian D. Ray é presidente do National Home Education Research Institute (NHERI). É Ph.D. em Educação pela Universidade do Estado de Oregon (Oregon State University). O instituto NHERI realiza estudos e pesquisas coletando dados primários que são subsídio para pesquisadores, legisladores, administradores públicos, jornais e publicações científicas. NHERI publica diversos relatórios e pesquisas inéditas na área academica além do jornal Home School Research.

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O Instituto realiza suas pesquisas graças a doação de pessoas. Interessados podem contribuir com doações pelo link  https://www.nheri.org/donate.html
Webiste: NHERI.Org

Reproduzido aqui com permissão do tradutor Marlon Derosa do Estudos Nacionais.

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