Por Fabiano Fuiano – 9 de abril de 2025
Em 31 de março, o ISTAT publicou um novo relatório sobre o declínio dos nascimentos na Itália, confirmando não apenas uma tendência alarmante de queda, mas também destacando uma taxa de fertilidade em seu nível mais baixo de todos os tempos, com 1,18 filhos por mulher em 2024, em comparação com o mínimo de 1,19 em 1995.
A Ministra da Igualdade de Oportunidades e Família, Eugenia Roccella, em uma transmissão na Rai News 24 declarou:
devemos nos perguntar quais são as razões pelas quais, de forma mais ampla, cada vez que somos mais ricos, temos menos filhos, porque isso agora é inegável e, portanto, devemos entender quais são as razões culturais.
Uma afirmação que pode ser compartilhada, exceto pelo fato de que a pergunta não foi seguida de uma resposta. O princípio da causalidade, que juntamente com o princípio da não contradição constitui a base da lógica, afirma que a cada causa corresponde um efeito proporcional a ela e inferior à própria causa, pois o mais não pode provir do menos.
Pier Carlo Landucci (1900-1986), servo de Deus [e filósofo da ciência], explicou muito claramente este princípio básico em sua obra O Deus em quem cremos (Edições “Pro Sanctitate”, Roma 1967, pp. 106-107), ao afirmar que
nenhuma coisa real pode carecer da sua própria explicação, da sua própria justificação, da sua própria razão de ser: quer dentro quer fora da própria coisa. É a lei irreprimível da realidade. E como a razão do ser deve obviamente ser proporcional ao ser do qual é a razão, esta lei também é corretamente chamada de razão suficiente (isto é, razão proporcional ). Por outro lado, considerando as coisas como efeitos que recordam a causa, esta lei é também chamada princípio da causalidade (…). Cada reflexão que fazemos e cada iniciativa na vida prática implicam continuamente este princípio.
Se você não conseguir entender as causas dos efeitos que vê, corre o risco não apenas de não conseguir resolver o problema, mas de se desviar terrivelmente do caminho certo. Se por um lado, de facto, a maternidade está sendo seriamente ameaçada, com o aberrante fenômeno das mulheres child-free, por outro assistimos ao uso cada vez mais desenfreado da inseminação artificial para compensar o triste declínio demográfico, pensando que é possível violar os tempos fisiológicos da maternidade em detrimento não só da integridade do ato conjugal, mas também do sacrifício de um número incalculável de embriões humanos.
Foi noticiado em 21 de março que, no hospital Versilia,
foi adquirida uma nova incubadora chamada EmbryoScope, que utiliza tecnologia de lapso de tempo e que, graças à inteligência artificial, é capaz de avaliar o embrião com maior potencial de implantação.
A Dra. Cristiana Parri, diretora do centro PMA, afirmou que a análise dos dados extraídos permitiria
fazer previsões mais precisas sobre a qualidade dos embriões e a probabilidade de sucesso da gravidez, também graças a sistemas de avaliação baseados em inteligência artificial […]. Graças a essa tecnologia, o monitoramento contínuo e a seleção mais precisa dos embriões permitirão reduzir o número de tentativas necessárias para alcançar uma gravidez bem-sucedida. (destaque nosso).
Nada é dito sobre o destino dos embriões excedentes produzidos cuja “qualidade” for considerada menor, segundo a inteligência artificial, embora seja fácil adivinhar [que o destino deles será o descarte no lixo hospitalar].
Em várias ocasiões a Corrispondenza Romana , com base nos ensinamentos de grandes pontífices como Pio XII, dirigido em diversas ocasiões aos recém-casados, bem como nos argumentos de filósofos perspicazes como o Prof. Régis Jolivet (1891-1966), concentrou-se na análise das causas mais remotas da queda da natalidade: desde a destruição da família e da vida que nasce nela com o divórcio, o aborto e a contracepção, incentivada pelas leis iníquas promulgadas em todo o mundo, passando pela subversão do papel feminino na vida social e pelo individualismo hedonista que leva o homem a buscar o máximo gozo em detrimento do espírito de sacrifício, levando à perversão da natureza feminina e à desintegração da maternidade.
Em última análise, a causa do declínio da taxa de natalidade e dos problemas mais urgentes do nosso tempo reside na rejeição de Deus e na consequente reivindicação de autonomia humana, o que leva à violação da lei moral natural. Se tal é o mal, então a cura só pode ser voltar a amá-Lo e respeitá-Lo, em todas as áreas da vida humana: tudo pode ser permitido, exceto a violação desta lei, isto é, da própria natureza originada por Deus, codificada em nossa vida.
O Catecismo da Igreja Católica (nn. 1954-1960), resume o conceito de lei moral natural, expresso no Decálogo. O que é o Decálogo? Monsenhor Andrea Scotton (1838-1916) levantou esta pergunta no terceiro volume de seu Curso completo de Catecismo, dedicado aos Mandamentos (SAT Editrice, Vicenza 1950), e respondeu que
é a forma exemplar sobre a qual deve ser modelado o código legal de todas as nações do mundo: é a luz divina pela qual devem ser iluminadas as mentes de todos os legisladores: é a base sobre a qual deve ser fundada a sociedade humana: é aquela regra prática da vida privada e pública, sem a qual tudo é desordem, confusão, corrupção, tirania, barbárie.
E prosseguiu alertando:
Tire o Decálogo, e não haverá mais família. Tire o Decálogo, e não haverá mais propriedade. Tire o Decálogo, e não haverá mais convivência social. Tire o Decálogo, e a força da lei será substituída pela lei da força, músculos e armas que tomarão o lugar da razão; torrentes de sangue correrão e a terra se transformará em um zoológico de feras. (p. 7)
Dom de profecia? Não, aplicação simples do princípio acima. Assim como quando dois reagentes entram em contato uma reação química necessariamente ocorre, da mesma forma, quando a proteção da lei natural para a preservação da família é removida, esta inevitavelmente se desfaz. O fenômeno está diante dos olhos atônitos de todos, mas poucos parecem realmente querer tirar as devidas conclusões, porque custa à alma ferida pelo pecado original e atual ter que admitir que se desviou do caminho certo e que precisa retomar o caminho salutar.
A lei moral natural nada mais é do que a aplicação, no tempo, da lei eterna com a qual Deus ordenou tudo o que existe. Certamente, sublinha Dom Scotton,
há quem se oponha a esta lei, porque infelizmente há quem perturbe a ordem que ela almeja: e tais são os pobres pecadores. Mas eles também terminam por entrar sob o domínio dessa lei de uma outra forma, padecendo as consequências da lei ofendida; e reingressam nesse domínio contra a sua vontade, pois a ordem perturbada pela culpa é restabelecida pela punição. (p. 10)
Uma expressão dessa punição é a dor de ver o nosso futuro se esvaindo, em uma nação que não é mais abençoada, como antes, com o nascimento de novos homens e mulheres.
Originalmente publicado em: https://www.corrispondenzaromana.it/fecondita-ai-minimi-storici-in-italia-la-vera-soluzione-del-problema/ (Tradução nossa, com permissão do Corrispondenza Romana)