Simón Aliendres León
Quando saí da Venezuela, há cerca de 5 anos, pensei que o fantasma do comunismo – ou o demônio, melhor dito –, iria tirar umas férias e deixar o continente em paz por pelo menos uma década. Meu palpite, à época, baseava-se no descrédito em que haviam caído os governos de esquerda da década progressista. Meus prognósticos, contudo, falharam miseravelmente: a eleição de um fantoche de Kirchner na Argentina, de Boric no Chile, a perseguição à Igreja na Nicarágua e a campanha furibunda do establishment pela reeleição de Lula são indícios muito claros de que hoje a esquerda está recuperando rapidamente o poder em nosso continente.
Não me atrevo a culpar a pandemia da Covid-19, mas parece, infelizmente, que os traumas deixados por ela e o desencanto com as alternativas tradicionais fizeram o eleitorado esquecer de que o caminho consequente, ao se votar pelas opções mais rupturistas e progressistas da esquerda, é a do colapso civilizacional que ocorreu na Venezuela.
Ao deixar as ruínas de meu país, eu sabia, também, que tudo o que aconteceu lá seria esquecido ou minimizado, mas eu jurei estar atento para, quando isso acontecesse, estar aí para recordar os demais dos perigos desse sistema. Não o faço, portanto, por questões políticas ou ideológicas: faço-o por respeito à memória de quem foi vítima do regime genocida e, sobretudo, por amor a tudo quanto perdi atrás da cortina de ferro.
“Na Venezuela, também sofremos muito com gente que não tomava posição”
Diante do cenário eleitoral que parece estar se desenhando no Brasil, em que o candidato da esquerda aparece tão bem avaliado nas pesquisas de intenção de voto, creio ter chegado o momento de cumprir o meu dever de alertar o povo do país que me acolheu, a fim de que, quem sabe, alguns não incorram nos mesmos erros.
Para quem conhece ambos, são gritantes e óbvias algumas semelhanças entre os cenários políticos dos dois países. Embora as diferenças também sejam grandes, a verdade é que, no passado, e até nas épocas de crises, ninguém especulou que a Venezuela chegaria um dia à situação catastrófica atual devido à implantação do comunismo. Por isso, a minha advertência tem alicerces na realidade.
Como a Venezuela caiu:
Serei breve. Não quero entediar ninguém com a história da Venezuela, mas posso dizer-lhes que o comunismo não tomou o país de um dia para outro: foi uma longa marcha, ou seja, um trabalho de décadas, que infelizmente os comunistas souberam fazer muito bem. Enquanto ainda morava na Venezuela, tentei pesquisar sobre a história da penetração comunista, mas eles souberam reescrever a história ao seu favor, colocando seus antecessores como heróis e demonizando ou apagando da história os seus inimigos, ocultando a verdade.
Nos primeiros 50 anos do século XX, os regimes militares que governaram a Venezuela nasceram dos pactos entre as elites e os militares. À diferença do que fala muita gente mal-informada de lá, houve muitas tentativas de democratização, tais como as falidas candidaturas de Diógenes Escalante e Angel Biaggini. Só que a esquerda sempre se manteve à espreita, ascendendo ao poder pela força entre 1945 a 1948, enganando as elites e os militares, sob o disfarce de moderação. Após esse ensaio de revolução, ocorreu o último governo de direita na Venezuela – o regime militar do General Marcos Pérez Jiménez, que foi derrubado por menos de 50.000 esquerdistas organizados.
Naquele tempo, a Venezuela era o quinto PIB per capita do mundo, e durante ele foi construída – ou, ao menos, começou-se a fazê-lo – a maior parte da infraestrutura pública existente na Venezuela até o dia de hoje. Dali em diante, instalaram-se governos de cunho social democrata ou moderado, que oscilaram ao redor do centro, os quais estavam compostos por esquerdistas que tinham entrado no governo no triênio do 45-48 e abraçado supostamente a moderação. No começo, tais governos reprimiram de forma violenta os grupos mais radicais de esquerda, supostamente devido à pressão dos Estados Unidos, mas com o tempo foram diminuindo a perseguição, até o ponto de coexistirem pacificamente com os extremistas.
Quando Chávez ganhou, em 1998, as instituições já estavam totalmente sequestradas. Exemplo disso está em que ele, militar de profissão, comandou um golpe militar em 1992 contra o Presidente Carlos Andrés Pérez, cujo planejamento vinha se desenhando desde 1982, com a formação do Movimiento Bolivariano Revolucionario 200.
“muitos empresários financiaram e patrocinaram ativistas opositores moderados ou de centro-esquerda, por um lado, e, por outro, faziam negócios com o regime”
Além disso, é necessário citar o Manifiesto de Bienvenida a Fidel Castro de 1989, pelo qual toda a elite intelectual venezuelana manifestou sua simpatia com o tirano cubano, e os distúrbios de 1989, conhecidos como El Caracazo (manifestações violentas nas ruas, muito semelhantes aos protestos Antifa de 2020 contra Trump, e às protestas do Chile, de 2019).
Reza a lenda (sobre esse fato é difícil achar informação objetiva) que os protestos foram organizados pela esquerda venezuelana para boicotar o governo do Presidente Carlos Andrés Pérez, que estava tentando implementar um pacote de medidas pró-mercado, o qual atingiu muito menos do que se propunha devido às pressões da esquerda e de muitos grupos, inclusive empresariais, que tinham crescido sob o monopólio e o clientelismo dos governos anteriores.
Creio que o resto não seja tão desconhecido, a ponto de requerer mais delongas. Vamos, portanto, às semelhanças entre Brasil e Venezuela.
Semelhanças perigosas:
O Brasil ainda têm vantagens que constituem uma barreira contra o comunismo, como a existência de um forte setor privado do qual depende o Estado para funcionar (na Venezuela a fonte de renda quase que exclusiva era o petróleo, nacionalizado durante a socialdemocracia), dimensões continentais que dificultam o sequestro por completo do país, o perfil anti-militar da mesma esquerda e a existência de lideranças abertamente anti-comunistas.
Não obstante, há semelhanças perigosas, e escolher não olhar para elas é um erro cujo preço pode resultar demasiado alto. São elas:
Voto punição: há uma matriz de opinião na sociedade que promove um voto pela esquerda como punição a Bolsonaro. Muita gente votou em Chávez, em 1998, com o propósito de infligir um castigo às elites políticas tradicionais e ao establishment. Infelizmente, Chávez se consolidou no poder, o establishment que havia governado desde 1958 foi morrendo aos poucos ou migrando, e muitos desses eleitores com sede de vingança hoje estão arrependidos. [1]
Guerra de informação: na Venezuela há uma guerra de informação que torna impossível enxergar o cenário político com clareza. Temos a informação, a desinformação, a contra informação e a fofoca; tudo misturado e impedindo a consolidação de uma opinião pública madura. Inclusive, diz-se que na Venezuela nasceu a fake news. Infelizmente, no Brasil, está se replicando um fenômeno semelhante, embora com nuances próprias, originado pela antipolítica. [2]
Anti-política: O fenômeno da anti-política é complexo, e não tem nada a ver com populismo. A antipolítica é uma manifestação da decadência institucional. Os exemplos mais típicos, presentes em ambos os países [3], são os seguintes:
- O uso excessivo das redes sociais.
- O abandono do uso tradicional da política.
- A desconexão entre as bases, os quadros meios e as elites políticas.
- A usurpação do papel dos partidos políticos pelos veículos de comunicação e pelas ONGs.
- As manifestações de rua, devidas à falta de representatividade.
- A desconfiança no sistema eleitoral.
Papel das Elites: As elites venezuelanas em 1998 apoiaram o regime. Chávez nesse ano conseguiu fazer uma nova constituição porque tinha praticamente o apoio do establishment contra o qual ele supostamente ia lutar. Além disso, sempre houve suspeitas de duplo discurso na Venezuela: muitos empresários financiaram e patrocinaram ativistas opositores moderados ou de centro-esquerda, por um lado, e, por outro, faziam negócios com o regime. Os principais grupos empresariais venezuelanos, que cresceram apadrinhados pelos governos moderados anteriores, sempre tiveram posicionamentos ambíguos e complacentes com o regime. [4]
Estratégia das tesouras: É tido por teoria da conspiração por muitos, mas sobre a oposição venezuelana, de natureza social democrata, paira uma lenda negra que a acusa de ser cúmplice do governo. O teor dessa acusação está sustentado nos movimentos políticos tão deficientes que eles têm desenvolvido, os quais, apesar da grande quantidade de recursos recebidos e do apoio das democracias ocidentais, jamais conseguiram efetuar uma mudança política. Há muitos jornalistas que denunciam pactos como a “ata da traição” de 2012, relações de parentescos e afinidade entre os membros dos dois bandos, e esquemas de negócios e corrupção. Tudo isso fora os pontos em comum ideologicamente… Dessas acusações não escapam nem figuras como o ex-presidente do parlamento Henri Ramos Allup, o ex-candidato Presidencial Henrique Capriles Radonski e o presidente interino Juan Guaidó, nem os movimentos liberais nem conservadores. [5]
Polarização neurótica: muito relacionada e atrelada à crise da antipolítica e à guerra de informação. Infelizmente, à diferença do Brasil, que tem trabalhos muito bons sobre o tema, não há muitos na Venezuela (apenas críticas e denúncias pelas redes sociais e blogs). São dignos de destaque os comportamentos obsessivos e infantis dos apoiadores do regime e da oposição social democrata, os quais negam a mais mínima autocrítica. No caso da oposição venezuelana, acusam de divisionista ou infiltrado a qualquer pessoa que não comunga com o dogma do líder. No caso dos apoiadores do regime, há casos de cultos sincretistas onde Chávez é objeto de devoção, e onde se misturam práticas ocultistas, cristianismo pentecostal e culto à personalidade. [6]
Fragmentação das alternativas: na Venezuela também há nichos, micro nichos e seitas políticas que vão da direita até a esquerda progressista e cultural. São grupos desarticulados que só existem nas redes sociais, onde passam o tempo brigando.
“Análogos a Felipe Netto, Anitta e atores da globo, temos … atores em decadência que apoiaram o regime por meio de verbas públicas”
Infantilismo mental: na Venezuela, é mais avançado o problema. Há muita afetação no debate político; além de intolerância, superficialidade e ultrasenssibilidade. Há uma rejeição forte à meritocracia e ao conhecimento, e a política e seus corolários tomam nuances próprias de circo. Junto a isso, surgem narrativas chauvinistas, hipercríticas, de todo tipo e que não chegam a lugar algum. Semelhantemente ao que ocorre no tema da polarização neurótica, não há trabalhos sérios sobre o tema, apenas críticas e denúncias pelas redes sociais e blogs. [7]
Traição da democracia cristã: a democracia cristã esteve representada no partido COPEI e seu principal líder foi o ex-presidente Rafael Caldera. Na imprensa e no imaginário há todo tipo de ideias erradas sobre eles. Seu líder, Rafael Caldera, foi opositor ao último regime militar, pactuando no começo do período social democrata com outros partidos de esquerda moderada, como AD e URD. No seu primeiro mandato (1969-1974), ele deu anistia e habilitou politicamente a guerrilha comunista, que tinha sido perseguida nos primeiros anos da social-democracia. Ele rompeu com seu anterior partido, COPEI, em 1993, e se candidatou à Presidência com um novo partido, em uma coalizão em que figurava até o Partido Comunista da Venezuela. Em seu segundo mandato, ele deu um indulto presidencial a Chávez, que estava preso pelo golpe de 1992. Além disso, é necessário dizer que Henrique Capriles Radonski militava no COPEI em 1998. Ele foi o Presidente da Câmara dos Deputados e foi quem aprovou a assembleia constituinte de 1999. Do partido também surgiram grandes nomes do chavismo como Iris Varela e Herman Escarra. [8]
Papel do judiciário: O direito na Venezuela difere um pouco do brasileiro. Lá nunca houve essa preponderância do Poder Judiciário e dos profissionais do direito na vida pública e intelectual. Não obstante, o judiciário de 1999 tem sua quota de culpa também: eles aprovaram a reforma constitucional de Chávez e até se autodissolveram diante de decisões e ingerências da Assembleia Constituinte chavista. Cecilia Sosa, a última Presidente institucional do judiciário, simpatizou com o regime até aquela traição. Dali em diante, o judiciário sucessor ficou praticamente como um órgão anexo ao Poder chavista, sem autonomia e cheio de militantes leais, muitos dos quais não preenchem os requisitos mínimos para os cargos. Eles usurparam as funções do Parlamento de maioria opositora que foi eleito em 2015, com o apoio do executivo encabeçado por Maduro e das forças armadas, talvez o único poder existente na prática.
Garantismo Penal: Não sei dizer se a Venezuela é um experimento de garantismo e abolicionismo penal. O narcotráfico, as máfias e grupos delitivos menores são os principais stakeholders do regime chavista. Há rumores de que o petróleo deixou de ser a principal atividade econômica do regime, dando lugar ao tráfico de drogas. Há indícios de que a suposta melhoria econômica que há na Venezuela é motivada pela lavagem de dinheiro. De alguma forma, foi abolida a barreira entre prisões e a sociedade civil. Uma deputada, advogada e líder chavista, ex-militante da democracia cristã, foi também ministra das prisões no tempo de Chávez, e o principal elo entre o submundo das prisões e o governo. [9]
Celebridades como ativistas: Na Venezuela, além o fato de os veículos de comunicação terem agido como partidos políticos (e bem mal que o fizeram), as forças políticas sempre usaram celebridades para atrair eleitores, até o ponto também de as celebridades e, mais recentemente, influencers, agirem mais como ativistas políticos do que outra coisa, muitas vezes fazendo um papel ridículo. Análogos a Felipe Netto, Anitta e atores da globo, temos os atores de novelas que apoiaram Capriles em 2012, os atores em decadência que apoiaram o regime por meio de verbas públicas, influencers e atores que supostamente ajudam o regime a lavar dinheiro, e personagens sem paralelo no Brasil, como Vanessa Senior, professor Briceno, Divaza, Irrael, entre muitos. [10]
Chantagem Racial: Na Venezuela, não votar ou não gostar de Chávez era tido como sinônimo de racismo. E ele constantemente se vitimizava em público. Um ataque que sempre fizeram aos candidatos e membros da oposição venezuelana foi o de serem racistas e supremacistas brancos. Quando na realidade, eles eram tão mestiços quanto os membros do regime.
A falácia do isentismo:
Costuma-se atribuir ao poeta Dante Alighieri a frase “os lugares mais quentes do Inferno estão reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempos de crise“. Ele não disse isso exatamente, mas é urgente denunciar que não tomar posição, ser “isentão”, em momentos de crises, e diante das semelhanças denunciadas com um país em chamas, é um ato de desonestidade.
A ideia de que estava em processo uma revolução comunista era tida por teoria da conspiração até por líderes da oposição e figuras públicas influentes
Na Venezuela, também sofremos muito com gente que não tomava posição: dizia-se de centro, dizia estar por acima das circunstâncias e não contribuía de forma alguma para a mudança (e nem sequer acreditava em privado com seriedade nisso). As razões eram sua singular ignorância, seu infantil egoísmo e, inclusive, a falta de coragem em se assumir chavista (conheci casos de autoproclamados “independentes” venezuelanos que eram chavistas no armário). [11]
Esses independentes, se não se beneficiam do caos, sofrem de pensamento desiderativo e acreditam que o tempo ou o otimismo salvarão as suas sociedades; ou vivem num constante escapismo ou submersos no niilismo.
Os outros responsáveis pela queda da Venezuela, junto aos socialistas e os isentões, foram os negacionistas do comunismo. A ideia de que estava em processo uma revolução comunista era tida por teoria da conspiração até por líderes da oposição e figuras públicas influentes, e a mensagem era replicada nos veículos de comunicação, na academia, nas igrejas, etc. E, pasmem: ela ainda hoje é defendida – agora agravada pela Nova Economia Política de Maduro, que merece um artigo avulso. [12]
Mas, para já, digo o seguinte: a Venezuela não está melhorando, só parou de cair porque chegou ao fundo do poço: isso é percebido pelos negacionistas do socialismo como prova de que na Venezuela há uma ditadura de direita; pelos chavistas, de que Maduro está salvando ao país, e pelos liberais, de que Maduro já não é socialista.
Uma última palavra
Ninguém acreditava, em meados do século passado, que o Emirado do Caribe involuiria até o nível que atingiu hoje. Não é fácil dar estas advertências: é como vir de uma estirpe de fracassos. A vontade é de esquecer as origens, pela dor e pela vergonha. Mas o demônio do comunismo não permite esquecer e começar uma vida nova, vem atrás sempre, como uma maré vermelha ou o fogo de um incêndio…
REFERÊNCIAS:
[1] El riesgo del suicidio colombiano por el repudio a la política tradicional (panampost.com)
Socialismo venezolano ¿Una venganza personal? (elmundo.cr)
Vicepresidenta venezolana admite que el socialismo es una venganza personal (panampost.com)
Ser o no ser, por Teodoro Petkoff – TalCual (talcualdigital.com)
[2] Desinformación digital, una estrategia política en Venezuela | Venezuela en DW | DW | 13.07.2020
La “contaminación política” en la televisión venezolana – BBC News Mundo
Venezuela: la polarización pone en jaque al periodismo | Venezuela en DW | DW | 15.03.2019
Dramática polarización en Venezuela | Opinión | EL PAÍS (elpais.com)
CLAVES | ¿Quiénes están detrás de la desinformación en Venezuela y quién la difunde? – Runrun
Andrés Cañizález: En Venezuela vivimos en una ‘fakecracia’ – elucabista.com
La guerra de información se intensifica en Venezuela | CNN
[3] De Hugo a Lorenzo: Antipolitica y outsiders en Venezuela, por Armando Armas (runrun.es)
Ser político: saber comunicar – Efecto Cocuyo
Tiempos de revolución: Protagonismo y polarización mediáticas en Venezuela (scielo.org.bo)
Catholic.net – Venezuela, economía electorera
Por qué en Venezuela se protesta ahora menos que en otros países de América Latina – BBC News Mundo
Las cicatrices que dejaron las protestas en Venezuela | Internacional (elmundo.es)
Crece la desconfianza en el CNE – PolítiKa UCAB (politikaucab.net)
La estrategia de la guarimba (larazon.es)
Capriles: ¿La Fuerza de él cambió?, por Ángel Monagas (talcualdigital.com)
[4] Folha de S.Paulo – Ex-opositor de Chávez se beneficia com fim da RCTV – 27/05/2007 (uol.com.br)
Diario de EE. UU. señala a Lorenzo Mendoza de pactar con Maduro – Runrun
Muere Oswaldo Cisneros, empresario venezolano en telecomunicaciones y petróleo | Reuters
Pacto Maduro-Cisneros ya dio su primer fruto: Miss Venezuela regresa al Poliedro (dolartoday.com)
Venta de Cadena Capriles causa especulaciones en Venezuela (eleconomista.com.mx)
Radiografía de la boliburguesía, la casta que se adueñó de Venezuela – Esglobal
La boliburguesía acampa en España | Internacional | EL PAÍS (elpais.com)
El camarada Alberto Vollmer | | Analitica.com
[5] La estrategia de las tijeras, o de cómo se han burlado de Venezuela (panampost.com)
Historia de una “oposición” cómplice en Venezuela (panampost.com)
Henry Ramos Allup, el «zorro viejo» que estafó a los venezolanos (panampost.com)
Venezuela: La sumisión de Borges frente a la bota militar (panampost.com)
REACCIONES | Polichacao muestra la cara cómplice de la falsa oposición (ventevenezuela.org)
EEUU arrestó al yerno de Antonio Ledezma, buscado por supuesto lavado de dinero (talcualdigital.com)
Odebrecht financió a la oposición venezolana a través de cuentas en Suiza – SWI swissinfo.ch
Nuevas denuncias de corrupción en el entorno de Juan Guaidó en el exterior (france24.com)
Nuevas pruebas confirman relación entre familia de Ramos Allup y boliburgueses (panampost.com)
Gente que hace plata con la crisis venezolana – Vanessa Victoria Novoa | Facebook
[6] Las brujas de Chávez: así usó el espiritismo el líder venezolano (elmundo.es)
Comentario: El ″Chávez Nuestro″ , más que una metáfora desafortunada | Destacados | DW | 06.09.2014
Culto hacia el comandante Chávez está pasando del fanatismo a la herejía (elpais.com.co)
[7] @chavezcandanga: El espectáculo político venezolano | panfletonegro
¿Conoces el chauvinismo? El nacionalismo imbécil. — Steemit
Venezuela no es el mejor país del mundo – Inspirulina.com
Muere Rafael Caldera, el presidente que «perdonó» al golpista Chávez (abc.es)
Rafael Caldera Rodríguez – CIDOB
Chiripero – Wikipedia, la enciclopedia libre
Hermánn Escarrá – Poderopedia Venezuela
¿Quién es Iris Varela y por qué se reunió con el equipo de Borrell? (larazon.es)
Zonas de paz: el plan que ayudó a fortalecer las megabandas (eldiario.com)
Bachelet: como en las cárceles, en el Arco Minero mandan los pranes │ Acceso a la Justicia
La delegación del poder estatal: Los “pranes” (insightcrime.org)
‘Venezuela virou uma narcoditadura, um Estado mafioso’, diz Corina Machado (estadao.com.br)
Pranes en Venezuela presumen públicamente sus conexiones políticas (insightcrime.org)
Zonas de paz explican lo que pasa en Petare, según especialista (caraotadigital.net)
El país de los lumpen-influencers | El Estímulo (elestimulo.com)
Patricia Poleo acusa a YouTubers de recibir dinero del gobierno venezolano (redradiove.com)
[11] El costo de desentenderse de la política – Por Pedro Galvis – Vente Venezuela
Venezuela, el coste de no hacer nada (lavozdegalicia.es)
Cuando la indiferencia mata a un país — Isabel Bonnet
Venezuela en los tiempos de Maduro – Empório do Direito (emporiododireito.com.br)
«No, vale; yo no creo» – El American
[12] Opositor Capriles descarga contra “falsos socialistas” en campaña Venezuela | Reuters
Capriles quer seguir modelo econômico de Lula – Jornal O Globo
Leonardo Padrón: Éste socialismo se vale del capitalismo para imponerse – LaPatilla.com
Julio Borges: Venezuela vive un capitalismo de Estado, no un socialismo PARTE I – YouTube
Simón Aliendres León é estudante de Direito e vive no Brasil desde 2018 como refugiado do regime chavista.