Ermes DovicoLa Nuova Bussola Quotidiana
Existe uma forte ligação entre o uso de pornografia e a piora da saúde mental, em termos de depressão, ansiedade e estresse. O resultado saiu em um estudo da Franciscan University of Steubenville (Ohio), publicado em janeiro de 2021 na Frontiers in Psychology.
O estudo foi baseado em uma amostra de 1.031 estudantes universitários da referida academia de Steubenville, sendo 34% do sexo masculino e 66% do sexo feminino. Os participantes da pesquisa preencheram um questionário anônimo que incluiu perguntas relativas a cinco áreas:
- 1) características demográficas;
- 2) uso e percepção da pornografia;
- 3) uma versão modificada da Escala sobre o Uso Compulsivo de Internet (mCIUS, em inglês);
- 4) estados emocionais e sexuais relacionados ao uso de pornografia;
- 5) depressão, ansiedade e estresse, medidos em uma escala com 21 questões (DASS-21).
Dos 1.031 participantes, a maioria (56,6%) indicou ter usado pornografia na vida. À semelhança do que outros estudos encontraram, a percentagem de homens (87,6%) que revelaram usar pornografia é significativamente superior à de mulheres (40,9%). Em relação à frequência de uso, os participantes (488) que responderam a questão relacionada indicaram uma dessas cinco categorias: menor que mensal (23,4%), mensal (6,6%), semanal (24,8%) ), diário (26,8%), várias vezes ao dia (18,4%).
No geral, os alunos (872) que responderam à seção sobre saúde mental se enquadram principalmente na categoria “normal” de depressão (55,4%), ansiedade (56%) e estresse (63,5%). Mas também há porcentagens consistentes de entrevistados que relataram sintomas “graves” ou “extremamente graves” de depressão (17%), ansiedade (20,4%) e estresse (13,5%).
Por meio da análise das várias respostas, os três autores do estudo trouxeram à tona um aspecto muito importante, que considera a saúde mental com base no último uso relatado de pornografia (dividido entre um uso no último ano ou mais, ver figura abaixo). Especificamente, os autores descobriram que as pontuações médias em termos de depressão, ansiedade e estresse – para estudantes que afirmaram ter usado pornografia – são “significativamente mais altas do que para aqueles que relataram que nunca viram pornografia” (not used, na figura). E esse efeito pode ser visto tanto em homens quanto em mulheres, embora ainda existam diferenças entre os dois sexos.
Outro tema relevante, ligado ao que já foi dito, é o uso compulsivo que emerge das respostas ao questionário. Uma proporção significativa de estudantes que caíram na rede pornográfica acha que deveriam gastar menos tempo em sites pornográficos e continuam a acessá-los apesar de sua intenção de parar. Além disso, o acesso aos referidos sites da Internet é frequentemente apontado pelos entrevistados como uma fuga de sentimentos negativos.
Sempre por meio da análise das respostas, os autores identificaram um fator que indicaram com o termo preoccupation (obsessão, pensamento fixo) que inclui «a preferência por acessar sites [pornográficos] em vez de passar tempo com outras pessoas, falta de sono devido à visualização dos sites, pensar nos sites mesmo quando não se está online […], correr para o trabalho para acessar aos sites […], sentir-se inquieto, frustrado ou irritado quando não se consegue acessar aos sites”.
Alguns desses comportamentos obsessivos relacionados ao uso de pornografia são – de acordo com os resultados estudados pelos autores – preditivos em relação aos três parâmetros de saúde mental considerados no estudo, ou seja, são como sinais de alerta que anunciam a presença de depressão, ansiedade e estresse.
Em relação à relação causa-efeito entre pornografia, uso compulsivo e degradação da saúde mental, porém, os autores não fazem afirmações peremptórias, mas apenas reconhecem que essa relação é “complexa e potencialmente multidirecional em termos de causalidade”, ou seja, uma variável (e seus subcomponentes) é suscetível de afetar a outra e vice-versa.
Em todo caso, como vimos, a pornografia assume facilmente os contornos de um verdadeiro vício: em troca de algum prazer efêmero, acorrenta quem a usa. Em particular, os autores apontam que “o uso da pornografia para aliviar sentimentos negativos – apresentando semelhança com relatos de uso de substâncias para automedicação na tentativa de aliviar sintomas afetivos negativos (Bolton et al., 2009; Torres e Papini , 2016) – também foi preditivo de níveis de depressão. Além disso, semelhanças com o uso de substâncias também parecem estar presentes em relação à dificuldade de parar de pornografia quando online, refletindo potencialmente um nível de ansiedade relacionado à dependência”.
Mas essa dependência – muitas vezes subestimada nas sociedades materialistas de hoje – pode ser superada. As respostas à pergunta sobre o que possivelmente ajudou a diminuir o uso de pornografia indicam bem isso; as três primeiras opções indicadas pelos alunos, com percentuais semelhantes entre homens e mulheres, são: uma vida de fé (83,5% para homens; 76,2% para mulheres); princípios morais (77,4% para homens; 75,7% para mulheres); motivação pessoal (82,3% e 79,9%). Eis em resumo o estudo, que está repleto de referências a outras pesquisas sobre temas e com resultados semelhantes.
Pegando o gancho com a motivação pessoal mencionada acima, que também podemos chamar de força de vontade, o objetivo deve ser não apenas o de reduzir o uso da pornografia, mas de eliminá-la. Para ser bem-sucedido, a fé – é bom reiterar – desempenha um papel fundamental. Recorramos, portanto, a Jesus, Médico dos corpos e das almas. E peçamos a intercessão dos santos, especialmente daqueles mais invocados para obter a pureza, como São José, que como castíssimo esposo e guardião da Santíssima Virgem tem a este respeito um patrocínio natural.
Ermes Dovico formado em Ciências da Comunicação na Universidade de Palermo. Jornalista profissional desde 2008. Mestre em Gestão Esportiva pela Universidade de Catania (2013).La Nuova Bussola Quotidiana, todos os direitos reservados. Publicado com permissão. Link original: “Pornografia e depressione, il legame in uno studio”.