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(POL) Chesterton sobre o progressismo e a barbárie

Chesterton sobre o progressismo e a barbárie

Chuck Chalberg
The imaginative conservative

Para onde nossa era moderna de progresso está nos levando?

Estamos vivendo nesta época há mais de um século, então certamente devemos ter uma resposta. E esta certamente é uma pergunta justa a ser feita, dado o poder do movimento progressista, sem mencionar a influência que acompanha a palavra “progresso”.

Afinal, quem poderia se opor ao progresso? Ora, os conservadores, é claro.

Bem, talvez não. Como G. K. Chesterton apontou nos primeiros e inebriantes dias do progressismo moderno, o trabalho dos progressistas era cometer erros (definida de outro modo como a lei das consequências não intencionais), enquanto a tarefa dos conservadores era evitar que esses erros fossem corrigidos.

Pensamentos como esse podem explicar por que Chesterton preferia pensar a si próprio como reacionário, em vez de conservador. Mas reacionário ou não, Chesterton não se opunha ao progresso — desde que houvesse um padrão para averiguar se o progresso realmente havia sido alcançado.

Por esse motivo, Chesterton pensava que era preciso ser reacionário em primeiro lugar antes de poder ser chamado de progressista na sequência. Tudo isso foi consistente com sua decisão de se tornar católico. Certamente, Chesterton se converteu porque havia aceitado as verdades da fé católica. Ele também se juntou à Igreja porque decidiu que o catolicismo era a “única fé combativa”.

Finalmente, ele passou a acreditar que o princípio católico da subsidiariedade fornecia o padrão adequado para organizar uma boa sociedade; daí seu compromisso com o que veio a ser chamado de “distributismo”, que ele acreditava ser não apenas inteiramente consistente com o pensamento do Papa Leão XIII expresso em sua encíclica Rerum Novarum, mas também a melhor resposta tanto para o capitalismo quanto para o socialismo.

Então, sim, Chesterton era um reacionário na medida em que defendia uma sociedade construída de acordo com os princípios da subsidiariedade, uma sociedade que estava mais próxima de sua realização na Idade Média do que na Idade Moderna. E, também, era um progressista na medida em que trabalhava para construir essa sociedade na era pós-moderna.

Ele certamente não acreditava nos ditames do progresso, no Estado cada vez maior ou nas concentrações cada vez maiores de poder econômico que, por sua vez, tornariam um Estado ainda mais poderoso.

Mais do que tudo isso, Chesterton podia ver o progressismo descarrilhando já em sua infância. Em outras palavras, não foram necessárias as idiotices progressistas de hoje, como “homens podem ter bebês”, para Chesterton ver que havia algo fundamentalmente errado com o progressismo de sua época.

Por exemplo, voltemos a um ensaio que Chesterton escreveu em 1909 para o London Illustrated News. Intitulado Tabus and Prohibitions [Tabus e Proibições] e publicado na Ignatius Press Collected Works, nota-se neste ensaio um Chesterton perplexo e preocupado, mas não sem uma resposta. Ele viu sua própria Inglaterra tornar-se “estranha a cada dia”, bem como estranhamente “bárbara”.

Os modismos das “ pessoas cultas” estavam cada vez mais se assemelhando aos “hábitos dos bárbaros”. E tudo isso estava acontecendo em nome de algo chamado de “progresso”.

Ao observar o que estava acontecendo ao seu redor na Inglaterra, Chesterton foi levado a concluir que houve momentos históricos em que o que ele chamou de “supra-civilização” e o que ele chamou de “barbárie” estavam perto de se tornar uma só e a mesma coisa. Praticamente a mesma coisa pode ser dita dos Estados Unidos de hoje.

Talvez seja a hora de definir exatamente o que Chesterton quis dizer com “barbárie”. Sua “essência” não era simplesmente a ausência de roupas ou a presença de uma dieta de “nozes e raízes”. Não era nem mesmo a manifestação deste ou daquele comportamento selvagem.

De jeito nenhum. Para Chesterton, a essência da barbárie era a “idolatria”. E o que era idolatria senão o estabelecimento e adoração de “falsos deuses”. E mais do que isso, também pode significar a criação e o medo de “falsos demônios”.

Na verdade, os idólatras progressistas de sua época já estavam se especializando no negócio de criar falsos demônios — e tudo em nome de tornar seus compatriotas ingleses ainda mais temerosos. Esses adoradores de ídolos ainda não haviam descoberto nosso moderno e progressista medo de algo chamado “mudança climática”, mas Chesterton os observou promovendo todos os tipos de medos, incluindo medo da guerra, medo do álcool e medo de cigarros.

E é claro que tudo isso foi feito em nome da criação de um futuro melhor (para não dizer “melhor policiado”), bem como um futuro mais saudável (para não dizer “dominado por especialistas”).

Chesterton se opôs a todos os medos desses falsos demônios de sua época. Ele também achava que as pessoas ficariam muito melhor se desenvolvessem medos muito mais saudáveis, como o medo da “covardia” ou o medo da “corrupção espiritual” – ou mesmo o medo da sua própria polícia sanitária.

Uma vez no assunto de falsos demônios, Chesterton não pôde deixar de notar as semelhanças entre os progressistas de sua época e o “muçulmano original”. Afinal, ambos eram essencialmente “puritanos”.

O muçulmano original sustentou que não há “Deus senão Deus”. O moderno, secular e progressista “idólatra-abstêmio” também chamado por Chesterton de “moderno homem-remédio”, estava longe de estar inclinado a pensar, muito menos adorar, em linhas semelhantes. Mas sua própria inclinação puritana os levava progressivamente na direção errada de outra maneira. Afinal, se eles não podiam acreditar que “não há Deus senão Deus”, eles também se recusaram a acreditar que “não há Satanás senão Satanás”.

Para o bem de seus próprios compatriotas ingleses, era bom que Chesterton estivesse presente para avisá-los do erro em seus caminhos. E para nós? Ainda podemos nos beneficiar da sabedoria de Chesterton.

Se os adoradores de ídolos progressistas dos dias de Chesterton precisavam de seus avisos, os adoradores de ídolos progressistas de nossos dias — nossos modernos homens-remédio — poderiam se beneficiar de um aviso semelhante. E então todos os outros também podem se beneficiar, e de todas as maneiras. 

Aqui está um. Em vez de ver “falsos demônios”, sejam eles produtores de petróleo ou consumidores de petróleo, sejam eles mineiros ou frackers ou simplesmente motoristas gastadores de gasolina, eles devem parar por tempo suficiente para perceber que “não há Satanás senão Satanás”. Como também nós deveríamos.

Sem essa percepção, continuaremos a “progredir” em nosso caminho para longe de nossa herança cristã e em direção a um abraço espiritualmente insalubre da adoração de ídolos bárbaros – e não apenas de falsos deuses, mas também de falsos demônios.

E se reverter tudo isso também levar a preços mais baixos por litro, melhor. Não há nada de errado com um pequeno extra agradável. Chame isso de uma versão da lei das consequências não intencionais, aqui definida como a lei dos bônus acidentais.


John C. “Chuck” Chalberg escreve de Minnesota e dá vida às histórias de personalidades como G.K. Chesterton, George Orwell, H.L. Mencken, Branch Rickey e Teddy Roosevelt no History on Stage.

The Imaginative Conservative, todos os direitos reservados. Publicado com permissão. Link original: “Chesterton on Progressivism and Barbarism”.

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1 comments

  1. Aprecio muito esses temas. Parabéns pelo conteúdo!

    A verdade prevalecerá na luta incessante com as trevas!

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